quinta-feira, 28 de fevereiro de 2013

Para Refletir - antes de uma confissão

Exame de consciência


INTRODUÇÃO

Precisamente por sermos pecadores, cegamos perante os nossos pecados.
Satanás quer-nos fazer ver que não há mal naquilo que fazemos.
Então o coração endurece, torna-se insensível às exigências do amor.
Por isso é tão importante a conversão do coração.

"Por isso, como diz o Espírito Santo:"Se hoje ouvirdes a minha voz, não endureçais os vossos corações…" Atenção irmãos! Que nenhum de vós tenha um coração mau e incrédulo…" (Hb3)

Deus é um Pai amoroso que nos faz ver o pecado para nos dar a graça do arrependimento e perdoar-nos. Ele quer-nos livres. O demônio não quer que vejamos o nosso pecado. E se buscamos os caminhos de Deus, tratará de nos acusar com os nossos pecados para que desanimemos e voltemos para trás.

Podemos discernir então a diferença. Deus mostra-nos o pecado para libertar e perdoar. O demônio esconde-o e quando o mostra é para que desesperemos. Devemos afastar com toda a energia estes pensamentos e ir à confissão com toda a confiança no perdão de Deus.
Deus perdoa SEMPRE quando há arrependimento.

É muito proveitoso fazermos um exame de consciência diário e também, com toda a humildade, abrirmo-nos a pessoas próximas para que nos corrijam.
"Se nos examinarmos a nós mesmos, não seremos condenados" (1Cor 11,31)

O exame faz-se perante Deus, escutando a sua voz na consciência.


PREPARAÇÃO PARA A CONFISSÃO

Preparação remota.
Educamo-nos na fé, através do estudo da Palavra, do Catecismo, da leitura da vida dos santos, participação em ensinamentos.
A prática seria daquilo que aprendemos.
Deve ser feito um exame diário da consciência.

Preparação imediata.
Deve ser feito um exame de consciência antes de nos confessarmos. Retiramo-nos para um lugar tranqüilo para rezar, de preferência junto ao Sacrário. Só Deus pode-nos iluminar sobre a nossa realidade e dar-nos os meios para respondermos à graça.

Contemplamos a vida de Jesus e o seu amor manifestado na Sua Cruz.
"Contemplaram O que trespassaram" (Jo 19,37)
Como tenho respondido a tanto amor, a tantas graças?
Examinamos a nossa vida perante a lei de Deus. Para isso é útil termos um modelo escrito que nos ajude a recordar o que esquecemos.
Recordamos que não se trata de sugestões, Deus deu-nos MANDAMENTOS.
Rompê-los é romper a nossa aliança com Deus e cair em pecado.

Não se trata só de enumerar pecados, mas também de descobrir a atitude distorcida do coração e com DOR PELOS NOSSOS PECADOS, FAZER O FIRME PROPÓSITO DE NÃO TORNAR A PRATICÁ-LOS.
Há sempre áreas em que somos mais débeis e que requerem atenção especial, mas se compreendermos que Cristo - e não a cultura - é a medida, veremos que em tudo temos muito que crescer.

A confissão só pode fazer-se perante a presença de um sacerdote.


EXAME DE CONSCIÊNCIA

Este exame é para aqueles que, amando a Cristo, não se conformam só em evitar pecados graves, mas que desejam amá-Lo com todo o coração.
1º Mandamento: amarás a Deus sobre todas as coisas.2º Mandamento: não invocarás o nome de Deus em vão.

Amei a Deus acima de tudo?
A quem ou a quê dei mais atenção?
Fiz da minha família, trabalho, apostolados, programas, idéias e outras coisas boas, o meu primeiro amor?
Sei, na prática, o que é confiar no amor e no poder de Deus?
Confio tudo a Deus ou quero fazer tudo sozinho?
Confio em Deus quando tudo parece correr mal?
Caí em superstição ou noutra prática religiosa afastada do cristianismo?
ORAÇÃO DIÁRIA.
Como tem sido diariamente o meu tempo pessoal com Deus?
Rezo a liturgia das horas, faço oração familiar?
Louvei a Deus? Dei-lhe graças? Ou queixo-me freqüentemente?
Intercedo pela minha família, grupo, Igreja, pelo mundo?
Rezei com o coração, aberto ao Espírito Santo?
Ocupo tempo no discernimento?
Sei o que é esperar o Senhor, escutá-Lo? Faço isso?
Quando assisto a algum ensinamento guardo-o no meu coração e procuro aprofundá-lo?
Incluo a minha esposa/o ou outra pessoa, com formação e prudente, no meu discernimento, ou só os informo?
Escuto, obedeço e respeito os que têm legítima autoridade sobre mim?
Que critérios tenho para determinar se algo que quero fazer é do Espírito Santo ou é meu? Parece-me importante ter e seguir sempre esses critérios?
Uso os dons que Deus me deu para a Sua Glória?
Estou disposto a receber novos dons, segundo a vontade de Deus?
Fui legalista, fazendo só o necessário para cumprir, ou vivo a minha fé no Espírito entregando-me com todo o coração?
OBEDIÊNCIA.
Procuro conhecer, através da oração, à vontade de Deus para a minha vida?
Obedeço ao ensino do magistério ou interpreto à minha maneira?
O que é que motiva a minha vida? À vontade de Deus ou os meus próprios planos, a minha vontade?
Permito a Deus que me guie, ou entrego-lhe os planos já elaborados, para que os abençoe?
Os meus gostos, critérios, dúvidas, confusões, pensamentos, atitudes e valores - em que instâncias não estiveram sob o Senhorio de Deus
ESTUDO.
Estudo a minha fé católica? (Bíblia, magistério, livros consistentes) ou contento-me com o meu próprio modo de entender Deus?
Estou avançando na minha formação, como devo?
Que passos práticos dou para me formar na fé?
ORDEM E PRIORIDADES.
O meu tempo responde às prioridades de Deus, ou às pressões de qualquer pessoa ou ocasião, para "ficar bem"?
Interpreto o que ganho na perspectiva da vida eterna?
Reflito sobre a minha morte, sobre o juízo final?
Tenho prioridades claras e sou firme para vivê-las? Perco o tempo em leituras, programas etc. que não edificam?
Tenho um horário e organizo o dia com disciplina, dando tempo a cada área com sabedoria: oração, família, trabalho? Onde me desordenei? Fico fazendo algo de que gosto, sabendo que está na hora de fazer outra coisa?
Respeito o tempo e as necessidades dos outros: quando peço ajuda, ao telefone, etc.
Cuido da saúde: tenho algum vício, falta de exercício, descanso, alimentação… Cuido-me em demasia?
3º mandamento: santificarás o dia do Senhor.
Guardo o dia do Senhor para o Senhor ou trabalho desnecessariamente nesse dia?
Vou à missa todos os domingos? Adorei e pus todo o meu coração no Cristo Eucarístico que me espera no Sacrário?
Amei-O e consolei-O por tanto que é ofendido?
Vou à missa diária, se posso? Recebi o Senhor com preparação?
A CRUZ.
Meditei ante a Cruz? Busco o seu poder transformador e a sua sabedoria? Como se manifesta na minha vida?
Peço a Deus a graça de amar a Cruz?
Evito a Cruz, saindo da vontade de Deus?
Uno a minha cruz à de Cristo?: problemas, doenças, responsabilidades, pessoas, a idade, a minha vocação…
Busco a satisfação de todas as minhas necessidades físicas e emocionais ou mortifico-me por amor a Jesus?
Uno-me à cruz do que sofre? Sacrifico-me para amar?
CONFISSÃO.
Recuso o pecado, ainda que este seja aceitável segundo a cultura? Pensei ou atuei levianamente, como se a atitude reta dos santos fosse um exagero?
Evitei a ocasião de pecado: ambientes, programas, amizades más…?
Procuro que Deus me mostre o meu pecado, e também pecados velhos ou esquecidos?
Reconheço e reparo com responsabilidade os meus pecados e faltas, ou justifico-me?
Quando me corrigem, agradeço?
Quando me confessei pela última vez? Minimizei o pecado por receio? Houve mudanças? Fiz uma confissão completa ou escondi algo?
Há alguma coisa (hábito, ferida, complexo) que o inimigo usa para o seu proveito? Que faço para permitir a Deus que me liberte?
Deve reconciliar-me com alguém e ainda não o fiz?
MARIA
Consagrei-me a Ela, e, se o fiz, vivo a minha consagração plenamente? Como?
Aceito o seu cuidado maternal? Deixo-me formar por ela? Como?
Recorro a Ela em oração, medito a sua vida?
RELAÇÕES COM OS OUTROS
As minhas relações estão todas à luz do Senhor?: amorosas, castas, sadias e sinceras?
Tenho ódios ou inimizades?
Tenho lutas, rivalidades, violências, ambições, discórdias, sectarismos, desentendimentos, inveja, embriaguez?
Fui fiel aos compromissos com os meus irmãos e com os outros? Estou a crescer nestes compromissos?
Sou fiel no lar, grupo, trabalho? Cumpro as minhas promessas, compromissos, guardo confidência?
Busco a unidade no Senhor?
Sou prestável?
Sou atento sem ser curioso?
Sou prudente com o que digo e faço?
Sou agradecido pelo serviço de rotina que recebo?
NO LAR
4º mandamento: honrarás o teu pai e a tua mãe.
Obedeço, cuido e honro os meus pais segundo a minha idade e as suas necessidades?
Ponho má cara?
Dou tempo à família? Refeições juntos? Diversões?
Hospitalidade? Relação com os irmãos? Responsabilidade nos estudos?
Ajuda econômica no lar, segundo as necessidades?
CASADOS (Além do já mencionado)
Protejo a minha casa e os meus das más influências do ambiente? Como?
Manipulei com os meus estados de ânimo e zangas, para que se faça o que quero?
Permito que outros, pais, amigos, manipulem ou se anteponham ao matrimonio?
Honro e respeito a minha esposa/o em todo o momento?
Partilhei com a minha esposa/o a visão para a família? Escuto-o com interesse?
Expresso amor e carinho à minha esposa/o? E com os filhos?
Detecto os problemas e enfrento-os com sabedoria?
Que medidas tomo para que a minha casa seja um lar?
Sou responsável e ordenado com a economia? Ajudo-os para que possam orar, estudar, descansar, ir ao seu grupo, cumprir as suas responsabilidades?
Formação dos filhos: partilho com eles, ensino e guio? Escuto? Disciplino com sabedoria? Dou-lhes boa educação para serem bons cristãos?
5º mandamento: não matarás.
De algum modo matei ou atentei contra a vida? (apoio ou participação em aborto, suicídio, conduzir sem cuidado, atos irresponsáveis que põem uma vida em perigo, agressão, violência…).
Atentei contra a dignidade de alguém?
6º mandamento: não cometerás atos impuros (adultério, fornicação)
Busquei afetividade fora da ordem do Senhor?
Como distingo entre sentimentalismo e uma autêntica relação de amor entre irmãos? Relaciono-me segundo o meu estado de ânimo ou segundo o que edifica no amor?
Fantasias ou atos impuros comigo mesmo ou com outros?
Asneiras, programas, atitudes sedutoras ou imodéstia no vestir?
Obedeço ao plano de Deus para a sexualidade no meu estado de vida?
7º mandamento: não roubarás.
Roubei de algum modo? Descuidando ou não devolvendo propriedade alheia ou comum? Aproveito-me do meu cargo para benefício pessoal?
8º mandamento: não levantarás falsos testemunhos nem mentirás.
Quem inspira as minhas palavras? Deus ou o meu ego? Quis dar a minha opinião em tudo?
Digo a verdade? Revelei segredos? Julguei ou praguejei?
Queixei-me, buscando comiseração ou pena? Pus a minha atenção onde não devia?
Disse o que não edifica? Asneiras e grosserias, repúdio a uma raça, nacionalidade?
OBRAS DE MISERICÓRDIA
CORPORAIS: solidariedade com os doentes, esfomeados, sedentos, presos, nus, forasteiros, enterrar os mortos? Vejo-os como irmãos a que me entrego, ou como estatísticas?ESPIRITUAIS: dar bom conselho, corrigir, perdoar, (guardo algum ressentimento?), consolar, sofrer com paciência as doenças do próximo, rezar pelos vivos e pelos mortos.
Estou atento à dor do outro? Faço acepção de pessoas segundo a sua aparência?
Vivo com sensibilidade? Imito Cristo que foi pobre?Sou livre dos apegos materiais? Isto se Reflete nas minhas atitudes nas compras? Deixo-me levar pelos anúncios? Coopero com as obras da Igreja com verdadeiro sacrifício e amor e dou as minhas sobras?
EVANGELIZAÇÃO
Sou testemunha? Sou sal da terra e luz do mundo?
Esforço-me com todo o coração para que Cristo seja conhecido e amado por todos?
Estou em comunhão com o espírito missionário da Igreja?
Levo as minhas amizades ao Senhor, ou deixo que elas me arrastem para o mundo?
Quando evangelizo faço-o com segurança, ou como se fosse uma opinião qualquer?
Respondo ao Espírito ou paralisa-me o "o que dirão"?
DOMINIO DAS EMOÇÕES
Ressentimentos, caprichos, impulsos, medos.
Quais são as minhas emoções mais notórias? Submeto-as ao Senhor para as orientar para o bem? De que forma estão afetando o meu comportamento?
Busco primeiro o meu interesse ou comodidade ou sirvo com amor?
PECADOS CAPITAIS E VIRTUDES CONTRÁRIAS
SOBERBA/HUMILDADE
Fui humilde ao pensar, comparei-me com outros, tentei chamar a atenção com a minha sabedoria, o meu físico etc? Reconheço-me pequenino? Desprezo os outros no meu coração?
Ressenti-me pelo trato ou cargo recebido? Qual é a motivação das minhas aspirações?
Distingo entre o que é doutrina e o que é a minha opinião?
Sou prudente ao dar a minha opinião? Acho que é a única, acho que sem a minha presença as coisas não vão bem?
Sei distinguir qual é a minha missão ou intrometo-me no que não me diz respeito?
Reconheço que não tenho razão para gloriar-me senão em Cristo? De que forma os meus atos estão disfarçados com orgulho, vaidade, egoísmo?
Reconheço os meus erros e peço perdão?
Posso ajudar sem mandar?

AVAREZA/GENEROSIDADE
Estou apegado às coisas? Sacrifico tempo e dinheiro para servir segundo o plano de Deus?
Jogo com o dinheiro?
LUXÚRIA/CASTIDADE (examinado atrás)
IRA/PACIÊNCIA
Sei lidar com as cruzes, doenças, problemas com relações, trabalho, etc?
Perco a paz, manifesto mau humor quando as coisas não correm como espero?
Culpei as circunstâncias?
GULA/TEMPERANÇA
Como mais do que o necessário? Faço jejum?
Estou viciado em drogas, álcool, tabaco, medicamentos?
INVEJA/CARIDADE
Sinto inveja por posições, talentos, outros grupos da Igreja? Ou alegro-me quando os outros melhoram? Em que casos acontece que não me alegre?
PREGUIÇA/DILIGÊNCIA
Adormeci, como os discípulos, perante aquilo que Jesus me pedia?
Sou atento em cumprir os meus deveres?
Que faço para edificar a minha família e o meu grupo?
Sou rápido em servir, mesmo que não tenha vontade?
Descanso mais do que o necessário?
Deixo as coisas para mais tarde?
BEM AVENTURANÇAS
Fui pobre de espírito, livre de apegos?
Fui manso, paciente, edificando com meios santos?
Chorei perante os pecados que ofendem a Deus?
Tive fome e sede de justiça?
Fui misericordioso?
Fui limpo de coração, puro de pensamento?
Trabalho para a paz, em mim, no lar, no grupo, no mundo?
Sofro com alegria ao ser perseguido por causa da justiça? Como reajo perante as críticas "injustas" ou incompreensões?


Leitura da Palavra

Leituras Relacionadas ao dia 28/02/2013 - CNBB
Roxo. 5ª-feira da 2ª Semana Quaresma

1ª Leitura - Jr 17,5-10
Maldito o homem que confia no homem.
Bendito o homem que põe sua confiança no Senhor.
Leitura do Livro do Profeta Jeremias 17,5-10
5Isto diz o Senhor:"Maldito o homem que confia no homeme faz consistir sua força na carne humana,enquanto o seu coração se afasta do Senhor;6como os cardos no deserto,ele não vê chegar a floração,prefere vegetar na secura do ermo,em região salobra e desabitada.7Bendito o homem que confia no Senhor,cuja esperança é o Senhor;8é como a árvoreplantada junto às águas,que estende as raízes em busca de umidade,por isso não teme a chegada do calor:sua folhagem mantém-se verde,não sofre míngua em tempo de secae nunca deixa de dar frutos.9Em tudo é enganador o coração,e isto é incurável;quem poderá conhecê-lo?10Eu sou o Senhor,que perscruto o coração e provo os sentimentos,que dou a cada qual conforme o seu procedere conforme o fruto de suas obras.Palavra do Senhor.


Salmo - Sl 1,1-2.3.4.6 (R. Sl 39,5a)
R.É feliz quem a Deus se confia!

1Feliz é todo aquele que não anda*conforme os conselhos dos perversos;que não entra no caminho dos malvados,*nem junto aos zombadores vai sentar-se;2mas encontra seu prazer na lei de Deus*e a medita, dia e noite, sem cessar. R.
3Eis que ele é semelhante a uma árvore,*que à beira da torrente está plantada;ela sempre dá seus frutos a seu tempo,e jamais as suas folhas vão murchar.*Eis que tudo o que ele faz vai prosperar. R.
4Mas bem outra é a sorte dos perversos.Ao contrário, são iguais à palha seca*espalhada e dispersada pelo vento.6Pois Deus vigia o caminho dos eleitos,*mas a estrada dos malvados leva à morte. R.


Evangelho - Lc 16,19-31
Tu recebeste teus bens durante a vida e Lázaro os males;
agora ele encontra aqui consolo e tu és atormentado.
+ Proclamação do Evangelho de Jesus Cristo segundo Lucas 16,19-31
Naquele tempo, Jesus disse aos fariseus:19"Havia um homem rico,que se vestia com roupas finas e elegantese fazia festas esplêndidas todos os dias.20Um pobre, chamado Lázaro, cheio de feridas,estava no chão à porta do rico.21Ele queria matar a fomecom as sobras que caíam da mesa do rico.E, além disso, vinham os cachorros lamber suas feridas.22Quando o pobre morreu,os anjos levaram-no para junto de Abraão.Morreu também o rico e foi enterrado.23Na região dos mortos, no meio dos tormentos,o rico levantou os olhos e viu de longe a Abraão,com Lázaro ao seu lado.24Então gritou: "Pai Abraão, tem piedade de mim!Manda Lázaro molhar a ponta do dedopara me refrescar a língua,porque sofro muito nestas chamas".25Mas Abraão respondeu: "Filho, lembra-teque tu recebeste teus bens durante a vidae Lázaro, por sua vez, os males.Agora, porém, ele encontra aqui consoloe tu és atormentado.26E, além disso, há um grande abismo entre nós:por mais que alguém desejasse,não poderia passar daqui para junto de vós,e nem os daí poderiam atravessar até nós".27O rico insistiu: "Pai, eu te suplico,manda Lázaro à casa do meu pai,28porque eu tenho cinco irmãos.Manda preveni-los, para que não venham também elespara este lugar de tormento".29Mas Abraão respondeu:"Eles têm Moisés e os Profetas, que os escutem!"30O rico insistiu: "Não, Pai Abraão,mas se um dos mortos for até eles,certamente vão se converter".31Mas Abraão lhe disse:`Se não escutam a Moisés, nem aos Profetas,eles não acreditarão,mesmo que alguém ressuscite dos mortos"."Palavra da Salvação.


Reflexão - Lc 16, 19-31
O tempo santo da quaresma é tempo de conversão. Quando falamos de conversão, precisamos pensar antes de tudo nas suas motivações, pois delas depende a sua perseverança. O Evangelho de hoje nos mostra um dos principais elementos que devemos levar em consideração no que diz respeito à motivação para a conversão que é a questão dos valores. Para o homem rico, os valores fundamentais eram a quantidade de bens materiais e os prazeres do mundo. De nada lhe adiantaram Moisés e os Profetas porque, como não havia comunhão de valores, estes se tornaram discursos vazios e a religião foi reduzida a ritualismos. Nesta quaresma, precisamos assumir como próprios de todos nós os valores do Evangelho para que de fato nos convertamos

Jejum e abstinencia



Catecismo de São Pio X.
Com o intuito de fazer penitência por nossos pecados, de melhor nos dispor para a oração e de estar unidos aos sofrimentos de Nosso Senhor Jesus Cristo, a Santa Igreja nos pede, nos tempos de penitência, que ofereçamos jejum e abstinência a Deus.
O Jejum:
Penitência é a mortificação do corpo
A Igreja convida todos os fiéis à corresponderem ao preceito divino da penitência que, além das renúncias impostas pelo peso da vida cotidiana, pede alguns atos de mortificação também do corpo ... A Igreja quer indicar na Tríade Tradicional "ORAÇÃO, JEJUM, CARIDADE" os modos fundamentais para obedecer ao preceito divino da penitência. Ela defendeu a oração e as obras de caridade, também, e com insistência, a abstinência de carne e o jejum.
Praticado desde toda a Antiguidade pelo povo eleito, como sinal de arrependimento, praticado por Nosso Senhor Jesus Cristo e por todos os santos, recomendado pela Santa Igreja como instrumento de santificação da alma, de controle do corpo e equilíbrio emocional, o jejum obrigatório foi sendo reduzido ao longo dos séculos.
Na prática do dia-a-dia há muitas formas de fazer penitência, devemos aproveitar por exemplo, silenciando algo que sabemos de alguém. Deixar de olhar televisão. Suportar os defeitos de alguém. Viver sem reclamar. Ter coragem de falar sempre bem do próximo. Cumprimentar sempre e, principalmente, aqueles que não nos são simpáticos. Dobrar os joelhos enquanto rezamos. Fazer o sinal da Cruz quando passamos diante de uma Igreja. Deixar de comer algum alimento que gostamos em determinados dias da semana. Agradecer com humildade todos os sofrimentos que ocorrem no dia a dia. Enfim, a penitência nos eleva, nos conduz à viver às 24 horas do dia na graça. Sejamos fortes fazendo penitência.
A oração e o jejum representam, em certo sentido, dois pilares da nossa fé.
O jejum constitui um dos princípios fundamentais da vida cristã; ele torna o devoto capaz de viver de acordo com a vontade de Deus; em todas as circunstâncias. Mediante a prática do jejum, a vontade de Deus poderá ser reconhecida mais facilmente, e raramente será perdida de vista. Como a respiração é função fundamental da vida física, assim o jejum e a oração representam as funções fundamentais da vida espiritual.
Nossa Senhora, em Medjugorje, nos pediu a volta à prática do jejum e nos disse que a melhor forma de jejuar é aquela a pão e água. Então constatamos que pão e água não representam a única maneira de jejuar, mas é a melhor maneira segundo a afirmação da Virgem.

O pão é o alimento fundamental do povo de Deus e, ao mesmo tempo simboliza a vida. A água é insubstituível em nossa vida; ela simboliza a purificação espiritual.
O jejum alimenta a oração e o impulso para Deus, para a paz e a reconciliação: eco fiel do Evangelho. Põe o corpo em sintonia com a alma e transforma-se em fonte de uma outra reconciliação, a interior.
Quando devemos jejuar por obrigação?
Na Quarta-feira de cinzas, abertura da Quaresma
Na Sexta-feira Santa, dia da morte de Nosso Senhor.
No entanto, todos os católicos devem ter a mortificação e o jejum presentes em suas vidas ao longo do ano, principalmente durante o Advento, a Quaresma e nas Quatro Têmporas, tendo sempre o espírito mortificado, fugindo do excesso de conforto e prazeres e, na medida do possível, oferecendo alguns sacrifícios a Deus, seja no comer, no beber, nas diversões (televisão principal­men­te), nos desconfortos que a vida oferece (calor, trabalho, etc.), sabendo suportar os outros, tendo paciência em tudo.
Assim sendo, mesmo não sendo obrigatório, continua sendo recomendado o jejum nas Quartas e Sextas da Quaresma e do Advento, guardando-se sempre o espírito pronto para as pequenas mortificações também nos demais dias.
Quem deve jejuar?
As pessoas maiores de 21 anos são obrigadas. Mas é evidente que os adolescentes podem muito bem oferecer esse sacrifício sem prejuízo para a saúde.
Quanto às crianças menores, mesmo alimentando-se bem, devem ser orientadas no sentido de oferecer pequenos sacrifícios, e acompanhar a frugalidade das refeições.
As pessoas doentes podem ser dispensadas (é sempre bom pedir a permissão ao padre)
As pessoas com mais de sessenta anos não têm obrigação de jejuar, mas podem fazê-lo se não houver perigo para a saúde.
Como jejuar nos dias de jejum obrigatório?
- Café da manhã mais simples que de hábito: uma xícara de café puro, um pedaço de pão, uma fruta.
- Almoço normal, mas sem carne (peixe pode), sem doces e sobremesas mais apetitosas, sem bebidas alcoólicas ou refrigerantes.
- No jantar, um copo de leite ou um prato de sopa, um pedaço de pão, uma fruta.

 - O ideal é jejuar a pão e água. (desde o amanhecer até o anoitecer se tiver fome comer pão, se tiver sede tomar água. Não devemos comer pão e tomar água ao mesmo tempo, pois leva a dor de cabeça. Devemos comer pão calmamente em pequenas porções segurando na boca mastigando bem de modo que se dissolva com a saliva. Para beber água é bom dar um tempo após comer pão, também tomar a água calmamente como fez com o pão, segurar na boca um tempo para se misturar à saliva. Diz-se que devemos tomar o pão e mastigar a água). Pode tomar e comer quantas vezes for necessário durante o dia, em que sentir fome e sede.)
São inúmeras as passagens das Sagradas Escrituras referentes ao jejum. Eis algumas poucas referências:
- II Reis XII,16
- Tobias XII,8
- Daniel I, 6-16
- S. Mateus IV,1
- S. Mateus VI, 17
- S. Mateus XVII,20
- Atos XIV,22
- II Coríntios VI,5
A Abstinência de carne 
Dentro do mesmo espírito de mortificação, pede-nos a Santa Madre Igreja a mortificação de não comer carne às sextas-feiras, o ano todo, de modo a honrar e adorar a santa morte de Nosso Senhor. (ficam excluídas as sextas-feiras das grandes festas, segundo a orientação do padre).
A abstinência ainda é praticada e, diferente do jejum, começa desde a adolescência, a partir dos quatorze anos.
Nas sextas-feiras do ano, e mais ainda durante os tempos de penitência, saibamos oferecer esse pequeno sacrifício a Nosso Senhor. Se vamos a um restaurante, peçamos peixe (muitos restaurantes ainda hoje servem pratos de peixe nas sextas-feiras).
O Jejum eucarístico
O jejum eucarístico é o fato de se comungar sem nenhum alimento comum no estômago, em honra à Santíssima Eucaristia.
O espírito do jejum eucarístico é de receber a Santa Comunhão como primeiro alimento do dia. Quando o Papa Pio XII modificou a disciplina do jejum eucarístico, devido à guerra, salientou que todos os que podiam deviam praticar esse jejum, chamado natural: só tomar alimento depois da comunhão. Quem assiste à Santa Missa cedo pode, muitas vezes, praticar esse jejum.
Apesar da lei eclesiástica em vigor determinar apenas uma hora antes da comunhão para o jejum eucarístico, todos os padres sérios pedem a seus fiéis que se esforcem para deixar três horas, visto que uma hora não chega a ser nem mesmo um sacrifício.
Caso as crianças ou pessoas debilitadas precisarem tomar algo antes da comunhão, com menos de três horas, procurem, ao menos, tomar apenas líquido, um copo de leite, por exemplo.
Porém, tendo se alimentado com menos de uma hora antes da hora da comunhão, não se deve, de modo algum, se aproximar da Sagrada Mesa.
O jejum, a abstinência e o confessionário.
Como o jejum e a abstinência fazem parte dos mandamentos da Igreja, devemos nos empenhar para praticá-los por amor à Deus. Caso haja alguma negligência ou fraqueza da nossa vontade que nos leve a quebrar o santo jejum ou a abstinência, devemos nos arrepender por não termos obedecido ao que nos ordena nossa Santa Madre Igreja, confessando-nos por termos assim ofendido a Deus.
Nos casos de esquecimento, devemos substituir essa obra por outra equivalente, como fazer o jejum em outro dia, rezar um terço, etc.
É sempre bom lembrar que a água pura não quebra o jejum.
As pessoas inclinadas à mortificação e ao jejum não devem nunca determinar um aumento de penitência sem o consentimento explícito do sacerdote responsável. O demônio usa muito o excesso de penitência corporal para enfraquecer a alma.
Tudo fazer na obediência.
A MORTIFICAÇÃO CRISTÃ
OBJETIVOS E EXERCÍCIOS
Escrito pelo Cardeal Desidério José Mercier
Livre-tradução do Artigo “La mortificación cristiana” do Cardeal Desidério José Mercier publicado em “Cuadernos de La Reja” número 2 do Seminário Internacional Nossa Senhora Corredentora da FSSPX.
Artigo 1 - Objeto da mortificação cristã
A mortificação cristã tem por fim neutralizar as influências malignas que o pecado original ainda exerce nas nossas almas, inclusive depois que o batismo as regenerou. Nossa regeneração em Cristo, ainda que anulou completamente o pecado em nós, nos deixa sem embargo muito longe da retidão e da paz originais. O Concílio de Trento reconhece que a concupiscência, ou seja, o triple apetite da carne, dos olhos e do orgulho, se deixa sentir em nós, inclusive depois do batismo, afim de excitar-nos às gloriosas lutas da vida cristã (Conc. Trid., Sess. 5, Decretum de pecc. orig.).
A Escritura logo chama esta triple concupiscência de “homem velho”, oposto ao “homem novo” que é Jesus que vive em nós e nós mesmos que vivemos em Jesus, como “carne” ou natureza caída, oposta ao “espírito” ou natureza regenerada pela graça sobrenatural. Este velho homem ou esta carne, ou seja, o homem inteiro com sua dupla vida moral e física, deve
ser, não digo aniquilado, porque é coisa impossível enquanto dure a vida presente, mas sim mortificado, ou seja, reduzido praticamente à impotência, à inércia e à esterilidade de um morto; há que impedir-lhe que dê seu fruto, que é o pecado, e anular sua ação em toda a nossa vida moral.
A mortificação cristã deve, portanto, abraçar o homem inteiro, estender-se a todas as esferas de atividade nas quais a natureza é capaz de mover-se. Tal é o objeto da virtude de mortificação. Vamos indicar sua prática, recorrendo sucessivamente as manifestações múltiplas de atividade em que se traduz em nós:
I) A atividade orgânica ou a vida corporal;
II) A atividade sensível, que se exerce seja debaixo da forma do conhecimento sensível pelos sentidos exteriores ou pela imaginação, seja debaixo da forma de apetite sensível ou de paixão;
III) A atividade racional e livre, princípio de nossos pensamentos e de nossos juízos, e das determinações de nossa vontade;
IV) Consideraremos a manifestação exterior da vida de nossa alma, ou nossas ações exteriores;
V) E, finalmente, o intercâmbio de nossas relações com o próximo.
Artigo 2 - Exercício da mortificação cristã
A. Mortificação do corpo
1º Limite-se, tanto quanto possa, em matéria de alimentos, ao estritamente necessário. Medite estas palavras que Santo Agostinho dirigia a Deus: “Me ensinastes, oh meu Deus, a pegar os alimentos somente como remédios. Ah, Senhor!, aqui quem de entre nós não vai além do limite? Se há um só, declaro que este homem é grande e que deve grandemente glorificar vosso nome” (Confissões, liv. X, cap. 31);
2º Roga a Deus com freqüência, roga-lhe a cada dia que lhe impeça, com Sua graça, de transpassar os limites da necessidade, ou deixar-se levar pelo atrativo do prazer;
3º Não pegue nada entre as refeições, ao menos que haja alguma necessidade ou razões de conveniência;
4º Pratique a abstinência e o jejum, mas pratique-os somente debaixo da obediência e com discrição;
5º Não lhe está proibido saborear alguma satisfação corporal, mas faça-o com uma intenção pura e bendizendo a Deus;
6º Regule seu sono, evitando nisto toda relaxação ou molície, sobretudo pela manhã. Se pode, fixe-se uma hora para deitar-se e levantar-se, e obrigue-se a ela energicamente;
7º Em geral, não descanse senão na medida do necessário; entregue-se generosamente ao trabalho, e não meça esforços e penas. Tenha cuidado para não extenuar seu corpo, mas guarde-se também de agradá-lo: quando sentir que ele está disposto a rebelar-se, por pouco que seja, trate-o como a um escravo;
8º Se sente alguma ligeira indisposição, evite irritar-se com os demais por seu mal humor; deixe aos seus irmãos o cuidado de queixar-se; pelo que lhe cabe, seja paciente e mudo como o divino Cordeiro que levou verdadeiramente todas as nossas enfermidades;
9º Guarde-se de pedir uma dispensa ou revogação à sua ordem do dia pelo mínimo mal-estar. “Há que fugir como da peste de toda dispensa em matéria de regras”, escrevia São João Berchmans;
10º Receba docilmente, e suporte humilde, paciente e perseverantemente a mortificação penosa que se chama doença.
B. Mortificação dos sentidos, da imaginação e das paixões
1º Feche seus olhos, diante de tudo e sempre, a todo espetáculo perigoso, e inclusive tenha a valentia de fechá-los a todo espetáculo vão e inútil. Veja sem olhar; não se fixe em ninguém para discernir sua beleza ou feiúra;
2º Tenha seus ouvidos fechados às palavras bajuladoras, aos louvores, às seduções, aos maus conselhos, às maledicências, às zombarias que ferem, às indiscrições, à crítica malévola, às suspeitas comunicadas, a toda palavra que possa causar o menor esfriamento entre duas almas;
3º Se o sentido do olfato tem que sofrer algo por conseqüência de certas doenças ou debilidades do próximo, longe de queixar-se disso, suporte-o com uma santa alegria;
4º No que concerne à qualidade dos alimentos, seja muito respeitoso do conselho de Nosso Senhor: “Comei o que vos for apresentado”. “Comer o que é bom sem comprazer-se nisto, o que é mau sem mostrar aversão, e mostrar-se indiferente tanto em um como no outro, esta é a verdadeira mortificação”, dizia São Francisco de Sales;
5º Ofereça a Deus suas comidas, imponha-se na mesa uma pequena privação: por exemplo, negue-se um grão de sal, um copo de vinho, uma guloseima, etc.; os demais não o perceberão, mas Deus o terá em conta;
6º Se o que lhe apresentam excita vivamente seu atrativo, pense no fel e no vinagre que apresentaram a Nosso Senhor na cruz: isto não lhe impedirá de saborear o manjar, mas servirá de contrapeso ao prazer;
7º Há que evitar todo contato sensual, toda carícia em que se poria certa paixão, em que se buscaria ou onde se teria um gozo principalmente sensível;
8º Prescinda de ir aquecer-se ao menos que lhe seja necessário para evitar-lhe uma indisposição;
9º Suporte tudo o que aflige naturalmente a carne; especialmente o frio do inverno, o calor do verão, a dureza da cama e todas as incomodidades do gênero. Faça boa cara em todos os tempos, sorria a todas as temperaturas. Diga com o profeta: “Frio, calor, chuva, bendizei ao Senhor”. Felizes se podemos chegar a dizer com gosto esta frase tão familiar a São Francisco de Sales: “Nunca estou melhor do que quando não estou bem”;
10º Mortifique sua imaginação quando lhe seduz com a isca de um posto brilhante, quando se entristece com a perspectiva de um futuro sombrio, quando se irrita com a recordação de uma palavra ou de um ato que o ofendeu;
11º Se sente em você a necessidade de sonhar, mortifique-a sem piedade;
12º Mortifique-se com o maior cuidado sobre o ponto da impaciência, da irritação ou da ira;
13º Examine a fundo seus desejos, e submeta-os ao controle da razão e da fé: você não deseja mais uma vida longa que uma vida santa? prazer e bem-estar sem tristeza nem dores, vitórias sem combates, êxitos sem contrariedades, aplausos sem críticas, uma vida cômoda e tranqüila sem cruzes de nenhum tipo, ou seja, uma vida completamente oposta à de nosso divino Salvador?
14º Tenha cuidado de não contrair certos costumes que, sem ser positivamente maus, podem chegar a ser funestos, tais como o costume de leituras frívolas, dos jogos de azar, etc.;
15º Trate de conhecer seu defeito dominante, e quando o tiver conhecido, persiga-o até suas últimas pregas. Por isso, submeta-se com boa vontade ao que poderia ter de monótono e de entediado na prática do exame particular;
16º Não lhe está proibido ter bom coração e mostrá-lo, mas fique atento para o perigo de exceder o justo meio. Combata energicamente os afetos demasiado naturais, as amizades particulares, e todas as sensibilidades moles do coração.
C. Mortificação do espírito e da vontade
1º Mortifique seu espírito proibindo-lhe todas as imaginações vãs, todos os pensamentos inúteis ou alheios que fazem perder o tempo, dissipam a alma, e provocam o desgosto do trabalho e das coisas sérias;
2º Deve distanciar de seu espírito todo pensamento de tristeza e de inquietude. O pensamento do que poderá suceder no futuro não deve preocupá-lo. Quanto aos maus pensamentos que o molestam, deve fazer deles, distanciando-os, matéria para exercer a paciência. Se são involuntários, não serão para você senão uma ocasião de méritos;
3º Evite a teimosia em suas idéias, e a obstinação em seus sentimentos. Deixe prevalecer de boa vontade o juízo dos demais, salvo quando se trate de matérias em que você tem o dever de pronunciar-se e falar;
4º Mortifique o órgão natural de seu espírito, ou seja, a língua. Exerça-se de boa vontade no silêncio, seja porque sua Regra o prescreve, seja porque você o impõe espontaneamente;
5º Prefira escutar os demais do que falar você mesmo; mas, sem embargo, fale quando convenha, evitando tanto o excesso de falar demasiado, que impede os demais expressar seus pensamentos, como o de falar demasiado pouco, que denota indiferença que fere ao que dizem os demais;
6º Não interrompa nunca quem fala, e não corte com uma resposta precipitada quem lhe pergunta;
7º Tenha um tom de voz sempre moderado, nunca brusco nem cortante. Evite os “muito”, os “extremamente”, os “horrivelmente”, etc.: não seja exagerado em seu falar;
8º Ame a simplicidade e a retidão. A simulação, os rodeios, os equívocos calculados que certas pessoas piedosas se permitem sem escrúpulo, desacreditam muito a piedade;
9º Abstenha-se cuidadosamente de toda palavra grosseira, trivial ou inclusive ociosa, pois Nosso Senhor nos adverte que nos pedira conta delas no dia do Juízo;
10º Acima de tudo, mortifique sua vontade; é o ponto decisivo. Adapte-a constantemente ao que sabe ser do beneplácito divino e da ordem da Providência, sem ter nenhuma conta nem de seus gostos nem de suas aversões. Submeta-se inclusive a seus inferiores nas coisas que não interessam para a glória de Deus e os deveres de seu cargo;
11º  Considere a menor desobediência às ordens e inclusive aos desejos de seus Superiores como dirigida a Deus;
12º Lembre-se de que praticará a maior de todas as mortificações quando ame ser humilhado e quando tenha a mais perfeita obediência àqueles a quem Deus quer se se submeta;
13º Ame ser esquecido e ser tido por nada: é o conselho de São João da Cruz, é o conselho da Imitação: não fale apenas de si mesmo nem para bem nem para mal, senão busque pelo silêncio fazer-se esquecer;
14º Diante de uma humilhação ou repreensão, se sente tentado a murmurar. Diga como Davi: “Melhor assim! Me é bom ser humilhado!”;
15º Não entretenha desejos frívolos: “Desejo poucas coisas, e o pouco que desejo, o desejo pouco”, dizia São Francisco;
16º Aceite com a mais perfeita resignação as mortificações chamadas de Providência, as cruzes e os trabalhos unidos ao estado em que a Providência o pôs. “Quanto menos há de nossa eleição, mais há de beneplácito divino”, dizia São Francisco de Sales. Queríamos escolher nossas cruzes, ter outra distinta da nossa, levar uma cruz pesada que tivesse ao menos algum brilho, antes que uma cruz ligeira que cansa por sua continuidade: Ilusão! Devemos levar nossa cruz, e não outra, e seu mérito não se encontra em sua qualidade, senão na perfeição com que a levamos;
17º Não se deixe turbar pelas tentações, pelos escrúpulos, pelas aridezes espirituais: “o que se faz durante a sequidão é mais meritório diante de Deus do que o que se faz durante a consolação”, dizia o santo bispo de Genebra;
18º Não devemos entristecer-nos demasiado por nossas misérias, senão mais bem humilhar-nos. Humilhar-se é uma coisa boa, que poucas pessoas compreendem; inquietar-se e impacientar-se é uma coisa que todo o mundo conhece e que é má, porque nesta espécie de inquietude e de despeito o amor próprio tem sempre a maior parte;
19º Desconfiemos igualmente da timidez e do desânimo, que fazem perder as energias, e da presunção, que não é mais do que o orgulho em ação. Trabalhemos como se tudo dependesse de nossos esforços, mas permaneçamos humildes como se nosso trabalho fosse inútil.
D. Mortificações que há que praticar em nossas ações exteriores
1º Deve ser o mais exato possível em observar todos os pontos de sua regra de vida, obedecer sem demora, lembrando-se de São João Berchmans, que dizia: “Minha maior penitência é seguir a vida comum”; “Fazer o maior caso das menores coisas, tal é o meu lema”; “Antes morrer que violar uma só de minhas regras!”;
2º No exercício de seus deveres de estado, trate de estar muito contente com tudo o que parece feito de propósito para desagradá-lo e molestá-lo, lembrando-se também aqui da frase de São Francisco de Sales: “Nunca estou melhor quando não estou bem”;
3º Não conceda jamais um momento à preguiça; da manhã à noite, esteja ocupado sem descanso;
4º Se sua vida se passa dedicada, ao menos em partes, ao estudo, aplique os seguintes conselhos de Santo Tomás de Aquino aos seus alunos: “Não se contentem com receber superficialmente o que lêem ou escutam, senão tratem de penetrar e aprofundar seu sentido. - Não fiquem nunca com dúvidas sobre o que podem saber com certeza. - Trabalhem com uma santa avidez em enriquecer seu espírito; classifiquem com ordem em sua memória todos os conhecimentos que possa adquirir. - Sem embargo, não tratem de penetrar os mistérios que estão por acima de sua inteligência”;
5º Ocupe-se unicamente da ação presente, sem voltar ao que precedeu nem adiantar-se pelo pensamento ao que vem a seguir; diga com São Francisco: “Enquanto faço isto, não estou obrigado a fazer outra coisa”; “Apressemo-nos com bondade: será tão logo tanto quanto esteja bom”;
6º Seja modesto em sua compostura. Nenhum porte era tão perfeito como o de São Francisco; tinha sempre a cabeça direita, evitando igualmente a ligeireza que a gira em todos os sentidos, a negligência que a inclina adiante e o humor orgulhoso e altivo que a levanta para trás. Seu rosto estava sempre tranqüilo, livre de toda preocupação, sempre alegre, sereno e aberto, sem ter sem embargo uma jovialidade indiscreta, sem risadas ruidosas, imoderadas ou demasiado freqüentes;
7º Quando se encontrava só mantinha-se em tão boa compostura como diante de uma grande assembléia. Não cruzava as pernas, não apoiava a cabeça no encosto. Quando rezava, ficava imóvel como uma coluna. Quando a natureza lhe sugeria seus gostos, não a escutava em absoluto;
8º Considere a limpeza e a ordem como uma virtude, e a sujeira e a desordem como um vício: evite os vestidos sujos, manchados ou rasgados. Por outra parte, considere como um vício ainda maior o luxo e o mundanismo. Faça de modo de ao ver sua vestimenta e adereços, ninguém diga: está desarrumado; nem: está elegante; senão que todo o mundo possa dizer: está decente.
E. Mortificações para praticar em nossas relações com o próximo
1º Suporte os defeitos do próximo: faltas de educação, de espírito, de caráter. Suporte tudo o que nele lhe desagrada: seu modo de andar, sua atitude, seu tom de voz, seu sotaque, e todo o resto;
2º Suporte tudo a todos e suporte até o fim e cristãmente. Não se deixe levar jamais por essas impaciências tão orgulhosas que fazem dizer: Que posso fazer de tal o qual? Em que me concerne o que diz? Para que preciso o afeto, a benevolência ou a cortesia de uma criatura qualquer, e desta em particular? Nada é menos segundo Deus que estes desprendimentos altaneiros e estas indiferenças depreciativas; melhor seria, certamente, uma impaciência;
3º Encontra-se tentado a irar-se? Pelo amor a Jesus, seja manso. De vingar-se? Devolva bem por mal. Diz-se que o segredo de chegar ao coração de Santa Teresa, era fazer-lhe algum mal. De mostrar a alguém uma cara má? Sorria com bondade. De evitar seu encontro? Busque-o por virtude. De falar mal dele? Fale bem. De falar-lhe com dureza? Fale doce e cordialmente;
4º Ame fazer o elogio de seus irmãos, sobretudo daqueles a quem sua inveja se dirige mais naturalmente;
5º Não diga acuidades em detrimento da caridade;
6º Se alguém se permite em sua presença palavras pouco convenientes, ou mantém conversações próprias para danificar a reputação do próximo, poderá às vezes repreender com doçura a quem fala, mas mais freqüentemente será melhor distanciar habilmente a conversação ou manifestar por um gesto de descontentamento ou de desatenção querida que o que se está dizendo o desagrada;
7º Quando lhe custe fazer um favor, ofereça-se a fazê-lo: terá duplo mérito;
8º Tenha horror de apresentar-se diante de si mesmo ou dos demais como uma vítima. Longe de exagerar suas cargas, esforce-se em encontrá-las leves. O são em realidade muito mais freqüentemente do que parece, e o seriam sempre se tivesse um pouco mais de virtude.
Conclusão
Em geral, saiba negar à natureza o que pede sem necessidade.
Saiba fazer-lhe dar o que ela nega sem razão. Seus progressos na virtude, disse o autor da Imitação de Cristo, serão proporcionais à violência que saiba fazer-se.
Dizia o santo Bispo de Genebra: “Há que morrer afim de que Deus viva em nós: porque é impossível chegar à união da alma com Deus por outro caminho que pela mortificação. Estas palavras: Há que morrer! são duras, mas serão seguidas de uma grande doçura, porque não se morre a si mesmo senão para unir-se a Deus por esta morte”.
Quisera Deus que pudéssemos aplicar-nos com pleno direito as seguintes palavras de São Paulo: “Em todas as coisas sofremos a tribulação... Trazemos sempre em nosso corpo a morte de Jesus, afim de que a vida de Jesus se manifeste também em nossos corpos” (2 Cor. 4, 10).
O SILÊNCIO.
Os doze graus do silêncio, Irmã Amada de Jesus
Livre-tradução do Artigo “Los doce grados del silencio” de “Sor Amada de Jesús” publicado em “Cuadernos de La Reja” número 2 do Seminário Internacional Nossa Senhora Corredentora da FSSPX.
Enquanto o mundo grita desesperado, e os rumores atordoam as multidões, cabe espaço em nós para o silêncio, pois somente através dele, nos calando, é que podemos escutar a voz de Deus. O Espírito Santo não atua na balbúrida, na confusão, na música profana e atordoante, na gritaria e sim no silêncio dos corações.
A vida interior poderia consistir só nesta palavra: Silêncio! O silêncio prepara os santos; ele os começa, os continua e os acaba. Deus, que é eterno, não diz mais que uma só palavra, que é o Verbo. Do mesmo modo, seria desejável que todas as nossas palavras digam Jesus direta ou indiretamente. Esta palavra: silêncio, quão formosa é!
1º Falar pouco às criaturas e muito a Deus
Este é o primeiro passo, mas indispensável, nas vias solitárias do silêncio. Nesta escola é onde se ensinam os elementos que dispõe à união divina. Aqui a alma estuda e aprofunda esta virtude, no espírito do Evangelho, no espírito da Regra que abraçou, respeitando os lugares consagrados, as pessoas, e sobretudo esta língua na qual tão freqüentemente descansa o Verbo ou a Palavra do Pai, o Verbo feito carne. Silêncio ao mundo, silêncio às notícias, silêncio com as almas mais justas: a voz de um Anjo turbou Maria...
2º Silêncio no trabalho, nos movimentos
Silêncio no porte; silêncio dos olhos, dos ouvidos, da voz; silêncio de todo o ser exterior, que prepara a alma para passar a Deus. A alma merece tanto quanto pode, por estes primeiros esforços em escutar a voz do Senhor. Que bem recompensado é este primeiro passo! Deus a chama ao deserto, e por isso, neste segundo estado, a alma aparta tudo o que poderia distraí-la; se distancia do ruído, e foge sozinha Àquele que somente é. Ali ela saboreará as primícias da união divina e o zelo de seu Deus. É o silêncio do recolhimento, ou o recolhimento do silêncio.
3º Silêncio da imaginação
Esta faculdade é a primeira em chamar à porta fechada do jardim do Esposo; com ela vêm as emoções alheias, as vagas impressões, as tristezas. Mas neste lugar retirado, a alma dará ao Bem Amado provas de seu amor. Apresentará a esta potência, que não pode ser destruída, as belezas do céu, os encantos de seu Senhor, as cenas do Calvário, as perfeições de seu Deus. Então, também ela permanecerá no silêncio, e será a servente silenciosa do Amor divino.
4º Silêncio da memória
Silêncio ao passado... esquecimento. Há que saturar esta faculdade com a recordação das misericórdias de Deus... É o agradecimento no silêncio, é o silêncio da ação de graças.
5º Silêncio às criaturas
Oh, miséria de nossa condição presente! Com freqüência a alma, atenta a si mesma, se surpreende conversando interiormente com as criaturas, respondendo em seu nome. Oh, humilhação que fez gemer os santos! Nesse momento esta alma deve retirar-se docemente às mais íntimas profundezas deste lugar escondido, onde descansa a Majestade inacessível do Santo dos santos, e onde Jesus, seu consolador e seu Deus, se descobrirá a ela, lhe revelará seus segredos, e a fará provar a bem-aventurança futura. Então lhe dará um amargo desgosto para tudo o que não é Ele, e tudo o que é da terra deixará pouco a pouco de distrair-la.
6º Silêncio do coração
Se a língua está muda, se os sentidos se encontram na calma, se a imaginação, a memória e as criaturas se calam e fazem silêncio, se não ao redor, ao menos no íntimo desta alma de esposa, o coração fará pouco ruído. Silêncio dos afetos, das antipatias, silêncio dos desejos no que tem de demasiado ardente, silêncio do zelo no que tem de indiscreto; silêncio do fervor no que tem de exagerado; silêncio até nos suspiros... Silêncio do amor no que tem de exaltado, não dessa exaltação da qual Deus é autor, senão daquela na qual se mistura a natureza. O silêncio do amor, é o amor no silêncio...
É o silêncio diante de Deus, suma beleza, bondade, perfeição... Silêncio que não tem nada de chateado, de forçado; este silêncio não danifica a ternura, o vigor deste amor, de modo semelhante a como o reconhecimento das faltas não danifica tampouco o silêncio da humildade, nem o bater das asas dos anjos de que fala o profeta o silêncio de sua obediência, nem o fiat o silêncio de Getsemani, nem o Sanctus eterno o silêncio dos serafins...
Um coração no silêncio é um coração de virgem, é uma melodia para o coração de Deus. A lâmpada se consome sem ruído diante do Sacrário, e o incenso sobe em silêncio até o trono do Salvador: assim é o silêncio do amor. Nos graus precedentes, o silêncio era ainda a queixa da terra; neste a alma, por sua pureza, começa a aprender a primeira nota deste cântico sagrado que é o cântico dos céus.
7º Silêncio da natureza, do amor próprio
Silêncio à vista da própria corrupção, da própria incapacidade. Silêncio da alma que se compraz na sua baixeza. Silêncio aos louvores, à estima. Silêncio diante dos desprezos, das preferências, das murmurações; é o silêncio da doçura e da humildade. Silêncio da natureza diante das alegrias ou dos prazeres. A flor se abre no silêncio e seu perfume louva em silêncio ao criador: a alma interior deve fazer o mesmo. Silêncio da natureza na pena ou na contradição. Silêncio nos jejuns, nas vigílias, nas fadigas, no frio e no calor. Silêncio na saúde, na enfermidade, na privação de todas as coisas: é o silêncio eloqüente da verdadeira pobreza e da penitência; é o silêncio tão amável da morte a todo o criado e humano. É o silêncio do eu humano transformando-se no querer divino. Os estremecimentos da natureza não poderiam turbar este silêncio, porque está acima da natureza.


8º Silêncio do espírito
Fazer calar os pensamentos inúteis, os pensamentos agradáveis e naturais; só estes danificam o silêncio do espírito, e não o pensamento em si mesmo, que não pode deixar de existir. Nosso espírito quer a verdade, e nós lhe damos a mentira! Agora bem, a verdade essencial é Deus! Deus é o bastante à sua própria inteligência divina, e não basta à pobre inteligência humana!
No que concerne a uma contemplação de Deus perene e imediata, não é possível na debilidade da carne, a não ser que Deus conceda um puro dom de sua bondade; mas o silêncio nos exercícios próprios do espírito consiste, em relação à fé, em contentar-se com sua luz escura. Silêncio aos raciocínios sutis que debilitam a vontade e dissecam o amor. Silêncio na intenção: pureza, simplicidade; silêncio às buscas pessoais; na meditação, silêncio à curiosidade; na oração, silêncio às próprias operações, que não fazem mais que entravar a obra de Deus. Silêncio ao orgulho que se busca em tudo, sempre e em todas as partes; que quer o belo, o bem, o sublime; é o silêncio da santa simplicidade, do desprendimento total, da retidão.
Um espírito que combate contra tais inimigos é semelhante a esses anjos que vêem sem cessar a Face de Deus. Esta é a inteligência, sempre no silêncio, que Deus eleva a si.
9º Silêncio do juízo
Silêncio quanto às pessoas, silêncio quanto às coisas. Não julgar, não deixar ver a própria opinião. Não ter opinião às vezes, ou seja, ceder com simplicidade, sem nada se opor a ele por prudência ou por caridade. É o silêncio da bem-aventurada e santa infância, é o silêncio dos perfeitos, o silêncio dos anjos e dos arcanjos, quando seguem as ordens de Deus. É o silêncio do Verbo encarnado!
10º Silêncio da vontade
O silêncio aos mandamentos, o silêncio às santas leis da regra, não é, por dizer assim, mais que o silêncio exterior da própria vontade. O Senhor tem algo que ensinar-nos de mais profundo e de mais difícil: o silêncio do escravo sob os golpes de seu amo. Mas, feliz escravo, pois o Amo é Deus! Este silêncio é o da vítima sobre o altar, é o silêncio do cordeiro que é despojado de sua pele, é o silêncio nas trevas, silêncio que impede pedir a luz, ao menos a que alegra.
É o silêncio nas angústias do coração, nas dores da alma; o silêncio de uma alma que se viu favorecida por seu Deus, e que, sentindo-se rechaçada por Ele, não pronuncia nem sequer estas palavras: Por que? Até quando? É o silêncio no abandono, o silêncio sob a severidade do olhar de Deus, sob o peso de sua mão divina; o silêncio sem outra queixa que a do amor. É o silêncio da crucifixão, é mais que o silêncio dos mártires, é o silêncio da agonia de Jesus Cristo. Se este silêncio é seu divino silêncio e nada é comparável à sua voz, nada resiste à sua oração, nada é mais digno de Deus que esta classe de louvor na dor, que este fiat no sofrimento, que este silêncio no trabalho da morte.
Enquanto esta vontade humilde e livre, verdadeiro holocausto de amor, se despedaça e se destrói para a glória do nome de Deus, Ele a transforma em sua vontade divina. Então o que falta para sua perfeição? O que requer ainda para a união? O que falta para que Cristo seja acabado nesta alma? Duas coisas: a primeira é o último suspiro do ser humano; a segunda é uma doce atenção ao Bem Amado cujo beijo divino é a inefável recompensa.
11º Silêncio consigo mesmo
Não falar-se interiormente, não escutar-se, não queixar-se nem consolar-se. Em uma palavra, calar-se consigo mesmo, esquecer-se de si mesmo, deixar-se só, completamente só com Deus; fugir, separar-se de si mesmo. Este é o silêncio mais difícil, e sem embargo é essencial para unir-se a Deus tão perfeitamente como possa fazê-lo uma pobre criatura que, com a graça, chega com freqüência até aqui, mas se detém neste grau, porque não o compreende e o pratica menos ainda. É o silêncio do nada. É mais heróico que o silêncio da morte.
12º Silêncio com Deus
No começo Deus dizia à alma: “Fala pouco às criaturas e muito comigo”. Aqui lhe diz: “Não me fales mais”. O silêncio com Deus é aderir-se a Deus, apresentar-se e expor-se diante de Deus, oferecer-se a Ele, aniquilar-se diante dEle, adorá-lo, amá-lo, escutá-lo, ouvi-lo, descansar nEle. É o silêncio da eternidade, é a união da alma com Deus.

Tirada do site - www.derradeiras  graças.com

quarta-feira, 27 de fevereiro de 2013

Leitura da Palavra



Leituras Relacionadas ao dia 27/02/2013 - CNBB
Roxo. 4ª-feira da 2ª Semana Quaresma

1ª Leitura - Jr 18,18-20
Vinde, ataquemo-lo.
Leitura do Livro do Profeta Jeremias 18,18-20
Naqueles dias:18Disseram eles:"Vinde para conspirarmos juntos contra Jeremias;um sacerdote não deixará morrer a lei;nem um sábio, o conselho; nem um profeta, a palavra.Vinde para o atacarmos com a língua,e não vamos prestar atenção a todas as suas palavras."19Atende-me, Senhor,ouve o que dizem meus adversários.20Acaso pode-se retribuir o bem com o mal?Pois eles cavaram uma cova para mim.Lembra-te de que fui à tua presença,para interceder por elese tentar afastar deles a tua ira.Palavra do Senhor.


Salmo - Sl 30,5-6.14.15-16 (R. 17b)
R. Salvai-me pela vossa compaixão, ó Senhor Deus!

5Retirai-me desta rede traiçoeira, *porque sois o meu refúgio protetor!6Em vossas mãos, Senhor, entrego o meu espírito, *porque vós me salvareis, ó Deus fiel!R. 14Ao redor, todas as coisas me apavoram; *ouço muitos cochichando contra mim;todos juntos se reúnem, conspirando *e pensando como vão tirar-me a vida.R. 15A vós, porém, ó meu Senhor, eu me confio, *e afirmo que só vós sois o meu Deus!16Eu entrego em vossas mãos o meu destino; *libertai-me do inimigo e do opressor!R.


Evangelho - Mt 20,17-28
Eles o condenarão à morte.
+ Proclamação do Evangelho de Jesus Cristo segundo São Mateus 20,17-28
Naquele tempo:17Enquanto Jesus subia para Jerusalém,ele tomou os doze discípulos à partee, durante a caminhada, disse-lhes:18"Eis que estamos subindo para Jerusalém,e o Filho do Homem será entregueaos sumos sacerdotes e aos mestres da Lei.Eles o condenarão à morte,19e o entregarão aos pagãos para zombarem dele,para flagelá-lo e crucificá-lo.Mas no terceiro dia ressuscitará."20A mãe dos filhos de Zebedeu aproximou-se de Jesus com seus filhose ajoelhou-se com a intenção de fazer um pedido.21Jesus perguntou: "O que tu queres?"Ela respondeu: "Manda que estes meus dois filhosse sentem, no teu Reino,um à tua direita e outro à tua esquerda."22Jesus, então, respondeu-lhes:"Não sabeis o que estais pedindo.Por acaso podeis beber o cálice que eu vou beber?"Eles responderam: "Podemos."23Então Jesus lhes disse:"De fato, vós bebereis do meu cálice,mas não depende de mimconceder o lugar à minha direita ou à minha esquerda.Meu Pai é quem dará esses lugaresàqueles para os quais ele os preparou."24Quando os outros dez discípulos ouviram isso,ficaram irritados contra os dois irmóos.25Jesus, porém, chamou-os, e disse:"Vós sabeis que os chefes das naçõestêm poder sobre elas e os grandes as oprimem.26Entre vós não deverá ser assim.Quem quiser tornar-se grande, torne-se vosso servidor;27quem quiser ser o primeiro, seja vosso servo.28Pois, o Filho do Homem não veio para ser servido,mas para servir e dar a sua vidacomo resgate em favor de muitos."Palavra da Salvação.


Reflexão - Mt 20, 17-28
Nós todos, que nos dizemos discípulos e discípulas de Jesus, não podemos deixar os critérios do Evangelho para viver segundo os critérios do mundo. No mundo, autoridade significa ocasião para a tirania, a opressão e a busca da satisfação dos próprios interesses, sejam de quais naturezas forem. O próprio Jesus nos fala que entre nós não deve ser assim. Ele é o modelo de autoridade para todos nós, pois sendo verdadeiro Deus, o Senhor de tudo, se fez servidor dos homens e despojou-se de tudo, desde a sua condição divina até a sua vida humana, para nos resgatar e nos fazer participantes da vida divina.

terça-feira, 26 de fevereiro de 2013

Leituras Relacionadas ao dia 26/02/2013 - CNBB




Roxo. 3ª-feira da 2ª Semana Quaresma

1ª Leitura - Is 1,10.16-20
Aprendei a fazer o bem. Procurai o direito.
Leitura do Livro do Profeta Isaías 1,10.16-20
10Ouvi a palavra do Senhor,magistrados de Sodoma,prestai ouvidos ao ensinamento do nosso Deus,povo de Gomorra.16Lavai-vos, purificai-vos.Tirai a maldade de vossas açõesde minha frente.Deixai de fazer o mal!17Aprendei a fazer o bem!Procurai o direito, corrigi o opressor.Julgai a causa do órfão, defendei a viúva.18Vinde, debatamos - diz o Senhor.Ainda que vossos pecados sejam como púrpura,tornar-se-ão brancos como a neve.Se forem vermelhos como o carmesim,tornar-se-ão como lã.19Se consentires em obedecer,comereis as coisas boas da terra.20Mas se recusardes e vos rebelardes,pela espada sereis devorados,porque a boca do Senhor falou!Palavra do Senhor.


Salmo - Sl 49, 8-9. 16bc-17. 21.23 (R. 23b)
R. A todos que procedem retamente,
eu mostrarei a salvação que vem de Deus.

8Eu não venho censurar teus sacrifícios, *pois sempre estão perante mim teus holocaustos; 9não preciso dos novilhos de tua casa *nem dos carneiros que estão nos teus rebanhos.R. 16b"Como ousas repetir os meus preceitos *16ce trazer minha Aliança em tua boca?17Tu que odiaste minhas leis e meus conselhos *e deste as costas às palavras dos meus lábios!R. 21Diante disso que fizeste, eu calarei? *Acaso pensas que eu sou igual a ti?É disso que te acuso e repreendo *e manifesto essas coisas aos teus olhos.R. 23Quem me oferece um sacrifício de louvor, *este sim é que me honra de verdade.A todo homem que procede retamente, *eu mostrarei a salvação que vem de Deus".R.


Evangelho - Mt 23,1-12
Eles falam mas não praticam.
+ Proclamação do Evangelho de Jesus Cristo segundo Mateus 23,1-12
Naquele tempo:1Jesus falou às multidões e a seus discípulos:2"Os mestres da Lei e os fariseustêm autoridade para interpretar a Lei de Moisés.3Por isso,deveis fazer e observar tudo o que eles dizem.Mas não imiteis suas ações!Pois eles falam e não praticam.4Amarram pesados fardose os colocam nos ombros dos outros,mas eles mesmos não estão dispostos a movê-los,nem sequer com um dedo.5Fazem todas as suas açõessó para serem vistos pelos outros.Eles usam faixas largas, com trechos da Escritura,na testa e nos braços,e põem na roupa longas franjas.6Gostam de lugar de honra nos banquetese dos primeiros lugares nas sinagogas;7Gostam de ser cumprimentados nas praças públicase de serem chamados de Mestre.8Quanto a vós, nunca vos deixeis chamar de Mestre,pois um só é vosso Mestre e todos vós sois irmãos.9Na terra, não chameis a ninguém de pai,pois um só é vosso Pai, aquele que está nos céus.10Não deixeis que vos chamem de guias,pois um só é o vosso Guia, Cristo.11Pelo contrário, o maior dentre vósdeve ser aquele que vos serve.12Quem se exaltar será humilhado,e quem se humilhar será exaltado."Palavra da Salvação.


Reflexão - Mt 23, 1-12
Dois elementos são importantes para nós a partir da leitura do Evangelho de hoje. O primeiro é que nenhum ser humano pode ser para nós modelo absoluto para a vivência do Evangelho, uma vez que todas as pessoas são pecadoras. O segundo é que não podemos fazer da religião forma de relação de poder e de promoção pessoal. As distinções que existem na vida religiosa devem ser de cargos e funções, porque existem ministérios diferentes, mas todos na Igreja têm uma dignidade igual: a de filhos e filhas de Deus. Mesmo dentro da Igreja, a hierarquia só pode ser concebida à luz do Evangelho e a partir do conceito de serviço.