domingo, 17 de fevereiro de 2013

Primeiro Domingo da Quaresma


DIOCESE DE LIMEIRA – 1º DOMINGO DA QUARESMA

17 de fevereiro de 2013

 

 
 
 
“A vitória no deserto pré-anuncia o triunfo pascal
 

 

Leituras: Deuteronômio 26, 4-10; Salmo 90 (91), 1-2.10-11.12-13.14-15; Carta de São Paulo aos Romanos 10, 8-13; Lucas 4, 1-13.

 

COR LITÚRGICA: ROXA

 

Animador: No início de nossa caminhada quaresmal, o Espírito nos conduz, com Jesus, ao deserto onde nos robustece para o enfrentamento das tentações – falsas seduções, comodismo, sede de poder – que nos deixam insensíveis e descomprometidos com a dura realidade dos que sofrem, particularmente a juventude. Por isso este ano a Campanha da Fraternidade traz o tema: Fraternidade e Juventude, com o lema: “Eis-me aqui, envia-me!” (Is 6,8). Nós só teremos uma Igreja com rosto jovem se formos capazes de convidá-los, acolhê-los e oferecer-lhes espaço para que possam assumir um compromisso transformador.

 

1. Situando-nos

O sagrado do tempo da Quaresma caracteriza-se pela vivência profunda do mistério da paixão do Senhor. Na Quarta-feira de Cinzas iniciamos a caminhada quaresmal em direção à celebração da Páscoa de Jesus e nossa.

 

Para as comunidades cristãs, a caminhada quaresmal se apresenta como um tempo de graça em que o próprio Deus, por seu Filho e no Espírito Santo, nos fortalece na fé e nos educa para o verdadeiro sentido da vida, o qual irrompe definitivamente na Páscoa.

 

A Quaresma, que nos conduz à celebração da Santa Páscoa, é um tempo litúrgico muito rico e importante que requer ser vivido com o devido empenho pela prática da caridade, da oração e da escuta da Palavra de Deus.

 

A Quaresma deste ano, insere-se nas comemorações do cinqüentenário da abertura do Concílio Vaticano II. Na palavra de João Paulo II, o Concilio se constitui numa grande graça que beneficiou a Igreja no século XX: nele se encontra uma bússola segura para nos orientar no caminho do próximo século. E o Papa Bento XVI, por sua vez, afirma: “o Concílio pode ser e tornar-se cada vez mais uma grande força para a renovação sempre necessária da Igreja” (Bento XVI, Carta Apostólica Porta Fidei, n.5).

 

Em sintonia com o Ano da Fé, a Quaresma é convite para um autêntica e renovada conversão ao Senhor, único Salvador do mundo. No mistério da sua morte e ressurreição, Deus revelou plenamente o Amor que salva e chama os homens à conversão de vida por meio da remissão dos pecados (cf. At 5,3).

 

2. Recordando a Palavra

O primeiro domingo da Quaresma é tradicionalmente conhecido como o “domingo das tentações de Jesus”. Mas, o que nos diz o evangelho de São Lucas reservado para este dia? Após o batismo nas águas do rio Jordão, Jesus, o Filho querido de Deus, é conduzido pelo Espírito ao deserto, onde será provado pelo tentador.

 

A narração se constitui num diálogo em três cenários. O tentador se empenha na argumentação sedutora do caminho que leva ao sucesso fácil, ao poder e ao prestígio espetacular. Jesus se opõe por uma opção de fé e de fidelidade radical a Deus. Ele se revela o “Filho de Deus” não mediante o privilegio do “milagre fácil”, do sucesso garantido ou da proteção segura, mas mediante a obediência ao projeto do Pai até as últimas consequências, até a cruz.

 

O tentador representa aqui as forças articuladas, visando afastar Jesus do projeto que o Pai lhe havia confiado. Mas o Filho de Deus, repleto do Espírito e consciente de sua missão, não se deixa envolver e nem enganar pelas propostas do tentador.

 

Fiel ao Espírito que o conduziu ao deserto, Jesus não se deixa persuadir pelas propostas sedutoras do diabo. Assim, como foi para Jesus, igualmente para os discípulos a vida é deserto e tentação, isto é, oportunidade para confirmar a fidelidade ao Senhor.

 

A primeira leitura (Dt 26, 4-10) é um texto litúrgico próprio da “festa das primícias”: “agora, pois, trago os primeiros frutos da terra que tu me deste, Senhor”. Na oferta ritual das primícias da terra, Israel é convidado a fazer uma profissão de fé, evidenciando a benevolência gratuita do Senhor que, com seu braço forte, conduziu Israel da escravidão para a liberdade, do deserto para a terra fértil. Credo que não consiste tanto em proclamar quem Deus é, quanto fazer memória de sua ação libertadora.

 

A oferenda cultual ressalta a resposta do povo face à ação benéfica de Deus. A aliança de Israel com o Senhor será alimentada por esta memória e por ela nutrirá a certeza de que a palavra de Deus é fiel. Nossa caminhada quaresmal é uma oportunidade para renovarmos a memória da ação salvadora de Deus (1ª Leitura).

 

O salmista assume a experiência de quem foi amparado e encorajado pelo Senhor na hora da perseguição. “Ao invocar-me, hei de ouvi-lo e atendê-lo, e a seu lado estarei em suas dores” (Sl 90/91). Por este canto a assembleia expressa sua confiança no Senhor que é abrigo e proteção.

 

A palavra do apóstolo Paulo, dirigida às comunidades cristãs de Roma (Rm 10, 8-13), nos coloca no centro da fé Cristã: o reconhecimento que Cristo é o Senhor. A fé cristã que brota da adesão profunda e integral, por palavras e ações, é o Filho do Deus verdadeiro, que atua na história em favor da salvação de seu povo (2ª Leitura).

 

3. Atualizando a Palavra

Depois de ser batizado nas águas do rio Jordão e ser publicamente proclamado como o “Filho amado de Deus”, Jesus é “conduzido pelo Espírito ao deserto”. Mais do que lugar geográfico, o deserto é oportunidade de prova e de afirmação da fidelidade à missão.

 

O tentador se mostra habilidoso na arte de induzir Jesus a falsificar a sua missão e sua relação com Deus, manipulando-o ao seu serviço. Contudo, o Mestre rechaça as propostas do tentador, ratificando sua determinação de se entregar até as últimas conseqüências, obediente à vontade do Pai, e de cumprir sua missão segundo o projeto que lhe fora confiado.

 

A Quaresma se apresenta como um tempo de sobriedade que favorece a oração, a prática da caridade e a revisão de vida. Ela é tempo de graça de Deus que nos conduz às alegrias da festa da Páscoa. Por isso, a caminhada quaresmal pode se constituir para nós num tempo em que somos conduzidos pelo espírito ao deserto.

 

Uma oportunidade para avaliar se nossos projetos de vida, nosso modo de ser e agir correspondem ao projeto de Deus, para purificar nossa prática religiosa, por vezes, infantil e interesseira, alicerçada em milagres ou na prática de uma fé sem responsabilidade comunitária; para superar a prática religiosa construída segundo as nossas opções e exigências; e para rechaçar o império do materialismo consumista que cultua o lucro, o acúmulo, o ter e o consumir.

 

A Quaresma é tempo de graça para renovarmos a memória por uma intensa leitura e meditação da Palavra de Deus, do agir libertador do Senhor em nossa vida pessoal, familiar e social. É tempo de intensificar a caminhada com o Mestre até Jerusalém, dando-nos conta das exigências do seu seguimento.

 

Naturalmente, a conversão quaresmal só é possível se tivermos a coragem de nos confrontarmos com a Palavra de Deus. Palavra que deve encontrar acolhida e moradia em nós, fazendo calar a voz dos “ídolos” que nos envolvem e atordoam.

 

Conversão que significa nos alienar de nossos insignificantes e conduzir-nos à proclamação, com o todo nosso ser, de que Jesus, vencendo as tentações do deserto, triunfará também na definitiva e última tentação da Cruz. “A penitência é, no fundo, saudade de nossa autêntica grandeza” (PRONZTO A. Palavra de Dios, comentário a las três lecturas Del domingo, Ciclo C. Salamanca: Ed. Sígueme. 1999. p.27).

 

Na caminhada para a Páscoa, à exemplo do povo de Israel, que subia a Jerusalém pra oferecer as primícias dos frutos da terra, e de Jesus, que ofertou sua vida, que o Espírito renove nossa fé! A fé se confirma e se aprofunda em meio às provações e face às sucessivas decisões, como as de Jesus, que resistia com firmeza e audácia às tentações mais sutis da riqueza, do poder e do sucesso fácil.

 

Assim como Jesus, hoje, nós somos conduzidos ao deserto para uma experiência viva de fé. Caminhando pelas areias do deserto, o Espírito nos liberta do “homem velho” e nos amadurece para o compromisso com “novo”.

 

Significativa é a palavra do papa Bento XVI; “nas últimas décadas, observamos o avanço de uma ‘desertificação’ espiritual, mas, no entanto, é precisamente a partir da experiência deste vazio que podemos redescobrir a alegria de crer, a sua importância vital para nós homens e mulheres. E no deserto existe, sobretudo, necessidade de pessoas de fé que, com suas próprias vidas, indiquem o caminho para a Terra Prometida, mantendo assim viva a esperança. A fé vivida abre o coração à Graça de Deus, que liberta do pessimismo” (Papa Bento XVI, Homilia de abertura do ano da fé. ROMA. 11.10.2012).

 

Que o grande retiro quaresmal alimente nossa fé, tendo bem presente a palavra do Concílio Vaticano II quando afirma: “a Igreja, contendo pecadores no seu próprio seio, simultaneamente santa e sempre necessitada de purificação, exercita continuamente a penitência e a renovação. A Igreja ‘prossegue a sua peregrinação no meio das perseguições do mundo e das consolações de Deus’, anunciando a cruz e a morte do Senhor até que Ele venha (1 Cor 11,26). Mas é robustecida pela força do Senhor ressuscitado, de modo a vencer, pela paciência e pela caridade, as suas aflições e dificuldades tanto internas como externas, e a revelar, velada mas fielmente, o seu mistério, até que por fim se manifeste em plena luz” (LG, n.8).

 

4. Ligando a Palavra com a ação eucarística

A Quaresma é um rico tempo em que fazemos o caminho para a Páscoa, motivados pela palavra e unidos aos sentimentos de Jesus Cristo, convidando-nos à oração, ao amor de Deus e à solidariedade fraterna. No encontro celebrativo da comunidade de fé, memorial da presença do Senhor, somos alimentados para prosseguir no caminho que conduz à vitória definitiva.

 

“O sacerdote receberá de tua mão a cesta e a colocará diante do altar do Senhor teu Deus” (Dt 26,4). Na celebração a comunidade apresenta sua oferta de vida feita de trabalho, sofrimentos e vitórias. Reconhece que tudo vem de Deus e que tudo a ele retorna na aliança e na ação de graças. Quem preside proclama: “Bendito sejais, Senhor, Deus do universo, pelo pão que recebemos de vossa bondade, e para nós se vai tornar pão da vida”.

 

A vitória de Jesus sobre as seduções do tentador no deserto, antecipando o triunfo pascal, é o grande motivo da ação de graças ao Senhor, nosso Deus. Em nome da Igreja reunida pelo Espírito, o presbítero inicia a Oração Eucarística, proclamando: “Vós acolheis nossa penitência como oferenda à vossa glória. O Jejum e a abstinência que praticamos, quebrando nosso orgulho, nos convidam a imitar vossa misericórdia, repartindo o pão com os necessitados” (Prefácio da Quaresma, III).

 

PRECES DOS FIÉIS

Presidente: Ciente do impacto das mudanças que vivemos  nos dias atuais, a sociedade precisa, mais do que nunca, aproximar-se do mundo juvenil. De sua realidade cheia de feridas e de belezas, de sua potencialidade e de sua criatividade, de sua cultura e de seus modos de existência. (Texto base, 248) Vamos rezar a oração da CF – 21013. (Repartido entre homens e mulheres)

 

Oração da C.F. 2013

1. Pai santo, vosso Filho Jesus, conduzido pelo Espírito e obediente à vossa vontade, aceitou a cruz como prova de amor à humanidade.

2. Convertei-nos e, nos desafios deste mundo, tornai-nos missionários a serviço da juventude.

1. Para anunciar o Evangelho como projeto de vida, enviai-nos, Senhor: para ser presença generosa de fraternidade, enviai-nos, Senhor;

2. Para ser profetas em tempo de mudança: enviai-nos, Senhor; para promover a sociedade da não violência, enviai-nos, Senhor; para a quem perdeu a esperança, enviai-nos, Senhor;

Todos: Para que possamos ajudar na conversão, enviai-nos Senhor.

 

III. LITURGIA EUCARÍSTICA

ORAÇÃO SOBRE AS OFERENDAS:

Presidente: Fazei, ó Deus, que o nosso coração corresponda a estas oferendas com as quais iniciamos nossa caminhada para  a Páscoa. Por Cristo, nosso Senhor.

Todos: Amém.

 

ORAÇÃO PÓS-COMUNHÃO:

Presidente: Ó Deus, que nos alimentastes com este pão que nutre a fé, incentiva a esperança e fortalece a caridade, dai-nos desejar o Cristo, pão vivo e verdadeiro, e viver de toda a palavra que sai de vossa boca. Por Cristo, nosso Senhor.

Todos: Amém.

 

V. RITOS FINAIS

 

BÊNÇÃO E DESPEDIDA:

Presidente: Deus, Pai de misericórdia, conceda a todos vocês como concedeu ao filho pródigo, a alegria do retorno à casa.

Todos: Amém

Presidente: O Senhor Jesus Cristo, modelo de oração e de vida, os guie nesta caminhada quaresmal a uma verdadeira conversão.

Todos: Amém

Presidente: O Espírito de sabedoria e fortaleza os sustente na luta contra o mal para poderem com Cristo celebrar a vitória da Páscoa.

Todos: Amém

Presidente: (Dá a bênção e despede todos)

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Bento XVI anuncia renúncia


Limeira, 11 de fevereiro de 2013.

 

Estou repassando a todos vocês o comunicado da Rádio Vaticano acerca da renúncia do Papa Bento XVI que deverá ocorrer no dia 28 de fevereiro de 2013. Eis o texto integral do anúncio abaixo recordando com suas palavras que: “a minha consciência diante de Deus, cheguei à certeza de que as minhas forças, devido à idade avançada, já não são idôneas para exercer adequadamente o ministério petrino...a partir de 28 de Fevereiro de 2013, às 20,00 horas, a sede de Roma, a sede de São Pedro, ficará vacante e deverá ser convocado, por aqueles a quem tal compete, o Conclave para a eleição do novo Sumo Pontífice”. O Colégio dos Cardeais, portanto, deverá ser convocado, para que escolha seu novo sucessor. É uma decisão inédita e corajosa, e acima de tudo cheia de humanidade. Rezemos, portanto, para que ele possa encerrar seu ministério petrino com dedicação e amor cada vez maiores. Rezemos para que o processo sucessório do futuro papa seja sereno e traga novas luzes e esperanças para a Igreja e para o mundo. Continuemos rezando pelo nosso querido Papa Bento XVI e pela sua saúde. Deus abençoe e guarde a todos em seu amor.

 

Dom Vilson Dias de Oliveira, DC

Bispo Diocesano de Limeira, SP.

 

 

Cidade do Vaticano (RV)

Caríssimos Irmãos, convoquei-vos para este Consistório não só por causa das três canonizações, mas também para vos comunicar uma decisão de grande importância para a vida da Igreja. Depois de ter examinado repetidamente a minha consciência diante de Deus, cheguei à certeza de que as minhas forças, devido à idade avançada, já não são idôneas para exercer adequadamente o ministério petrino. Estou bem consciente de que este ministério, pela sua essência espiritual, deve ser cumprido não só com as obras e com as palavras, mas também e igualmente sofrendo e rezando. Todavia, no mundo de hoje, sujeito a rápidas mudanças e agitado por questões de grande relevância para a vida da fé, para governar a barca de São Pedro e anunciar o Evangelho, é necessário também o vigor quer do corpo quer do espírito; vigor este, que, nos últimos meses, foi diminuindo de tal modo em mim que tenho de reconhecer a minha incapacidade para administrar bem o ministério que me foi confiado. Por isso, bem consciente da gravidade deste ato, com plena liberdade, declaro que renuncio ao ministério de Bispo de Roma, Sucessor de São Pedro, que me foi confiado pela mão dos Cardeais em 19 de Abril de 2005, pelo que, a partir de 28 de Fevereiro de 2013, às 20,00 horas, a sede de Roma, a sede de São Pedro, ficará vacante e deverá ser convocado, por aqueles a quem tal compete, o Conclave para a eleição do novo Sumo Pontífice.

Caríssimos Irmãos, verdadeiramente de coração vos agradeço por todo o amor e a fadiga com que carregastes comigo o peso do meu ministério, e peço perdão por todos os meus defeitos. Agora confiemos a Santa Igreja à solicitude do seu Pastor Supremo, Nosso Senhor Jesus Cristo, e peçamos a Maria, sua Mãe Santíssima, que assista, com a sua bondade materna, os Padres Cardeais na eleição do novo Sumo Pontífice. Pelo que me diz respeito, nomeadamente no futuro, quero servir de todo o coração, com uma vida consagrada à oração, a Santa Igreja de Deus.

 

Vaticano, 10 de Fevereiro de 2013.

 

BENEDICTUS PP XVI

 

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